WhatsApp Logo do Frei Gaspar

Blog

Fique por dentro das principais novidades do Colégio Objetivo Frei Gaspar

Capitu no tribunal: como a literatura desperta reflexão, empatia e pensamento crítico?

Por: Objetivo Frei Gaspar

Capitu no tribunal: como a literatura desperta reflexão, empatia e pensamento crítico?

Alunos do Ciclo 2 do Colégio Objetivo Frei Gaspar vivenciaram o clássico Dom Casmurro de forma inovadora: uma simulação de julgamento da personagem Capitu. Veja como a atividade transformou a leitura em uma experiência inesquecível.

A literatura tem o poder de provocar, emocionar e fazer pensar. E quando ultrapassa as páginas dos livros e se torna experiência concreta, esse poder se amplifica. É nesse espírito que os alunos do Ciclo 2 do Colégio Objetivo Frei Gaspar participaram de uma atividade única: o julgamento simbólico da personagem Capitu, do clássico Dom Casmurro, de Machado de Assis.

Mais do que uma leitura obrigatória, a proposta foi transformar o estudo da obra em uma vivência marcante. Os alunos assumiram os papéis de acusação, defesa e júri, refletindo sobre uma das maiores polêmicas da literatura brasileira: Capitu traiu ou não Bentinho?

Entendendo a obra: Machado, Bentinho e Capitu

Machado de Assis é um dos maiores nomes da literatura brasileira e Dom Casmurro, uma de suas obras mais emblemáticas. Narrado por Bentinho, o livro levanta uma dúvida que atravessa gerações: sua esposa Capitu foi ou não infiel? Mas Machado nunca dá uma resposta definitiva.

Essa escolha narrativa faz da obra uma ferramenta riquíssima para trabalhar interpretação de texto, subjetividade, ponto de vista e até mesmo aspectos da psicologia humana. Ao colocar os alunos diante desse dilema, a atividade estimulou um olhar mais profundo e questionador.

Simulação de tribunal: argumentar é aprender a pensar

Durante o julgamento, os alunos precisaram estudar profundamente a obra, buscar indícios, formular argumentos e se posicionar com base em suas interpretações. A acusação construiu suas teses a partir dos relatos do próprio Bentinho. Já a defesa se apoiou em contradições do narrador, na ausência de provas e em outras leituras possíveis do texto.

O júri ouviu os dois lados e teve a missão de avaliar as argumentações. Esse processo estimulou habilidades essenciais para a vida: argumentação, escuta ativa, empatia e pensamento crítico. Afinal, nem tudo é claro ou objetivo e muitas vezes, o mais importante é entender que há múltiplos pontos de vista.

Literatura como espelho da sociedade

Apesar de ter sido publicado no século XIX, Dom Casmurro continua atual. A obra permite reflexões sobre temas como machismo, ciúme, narrativas parciais e julgamentos baseados em suposições. Em sala de aula, esses temas surgiram de forma natural e foram debatidos com maturidade pelos estudantes.

O julgamento de Capitu foi também uma metáfora sobre como, ainda hoje, mulheres são julgadas com base em aparências, discursos enviesados ou desconfianças. Ao se debruçar sobre a obra, os alunos também olharam para a sociedade e para os próprios valores.

Mais do que conteúdo: formação para a vida

Esse tipo de atividade vai além do ensino de literatura. Ele contribui para o desenvolvimento da consciência crítica, da expressão oral, do trabalho em grupo e da escuta respeitosa. Cada aluno precisou se posicionar, construir argumentos sólidos e considerar a visão do outro, competências fundamentais dentro e fora da escola.

A experiência também mostrou que o protagonismo do aluno é essencial para que o aprendizado ganhe sentido. Quando ele se vê como agente ativo, o conteúdo se torna mais relevante, o interesse aumenta e o conhecimento se fixa de forma mais significativa.

A leitura que se transforma em experiência

Muitos alunos relataram que, ao viverem a obra, passaram a enxergá-la com outros olhos. A leitura deixou de ser uma tarefa e se transformou em algo vivo, intenso e instigante. Esse é um dos principais ganhos de projetos como esse: transformar o olhar do estudante sobre o ato de ler.

Literatura é mais do que enredo ou biografia de autor, é encontro com o outro, com ideias, com diferentes tempos e culturas. E quando esse encontro é mediado por metodologias criativas, o resultado é uma aprendizagem profunda e transformadora.

Colégio Frei Gaspar: um espaço para pensar e sentir

No Colégio Frei Gaspar, acreditamos que a escola precisa ir além da transmissão de conteúdos. Nosso papel é formar leitores, pensadores e cidadãos conscientes. Por isso, incentivamos atividades que colocam o aluno no centro, valorizam o debate, o respeito e a liberdade de pensamento.

O julgamento de Capitu foi apenas um exemplo de como a literatura pode ser trabalhada de forma inovadora e impactante. Seguimos acreditando no poder da palavra, da escuta e da reflexão.

Literatura com propósito

O projeto Capitu no Tribunal deixou marcas nos alunos. Eles aprenderam que o conhecimento não é dado pronto, que as interpretações exigem cuidado, que o respeito às opiniões divergentes enriquece o debate e que a literatura pode ser, sim, uma forma de aprender a viver.

A obra de Machado de Assis continua provocando e é essa provocação que desejamos manter viva em nossos alunos: o desejo de entender, de questionar, de refletir e de dialogar com o mundo ao redor.

Ler não é apenas decodificar palavras. É entrar em contato com emoções, histórias de vida, conflitos e descobertas. Quando um aluno se conecta a uma personagem, ele também entra em contato com partes de si mesmo. E é por isso que atividades como o julgamento de Capitu são tão valiosas.

Durante a encenação, surgiram emoções reais: indignação, empatia, dúvida, solidariedade. Isso mostra que a literatura toca, mobiliza e ensina a lidar com sentimentos. Em um mundo em que as emoções nem sempre são bem compreendidas, essas vivências ajudam a desenvolver inteligência emocional e respeito às diferenças.

O exercício da argumentação que nasceu da leitura de Dom Casmurro transborda para outras disciplinas. A capacidade de ler criticamente, de estruturar um pensamento, de ouvir com atenção e de se posicionar com responsabilidade são competências que enriquecem o desempenho dos alunos em história, filosofia, geografia, redação e até ciências.

Ou seja: quando o aluno aprende a pensar criticamente em literatura, ele também melhora sua forma de aprender o mundo.

Machado além de Capitu

Quem mergulha em Dom Casmurro dificilmente para por ali. Muitos alunos, motivados pela discussão, quiseram saber mais sobre o autor e suas outras obras. E isso abre uma nova porta para o conhecimento: o desejo espontâneo pela leitura.

Machado de Assis é autor de livros como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e diversos contos, todos com reflexões profundas e estilo provocador. Conhecer outros textos do autor amplia a compreensão sobre seu olhar crítico e sua importância para a literatura nacional.

No fim das contas, mais importante do que responder à pergunta sobre Capitu é entender o que essa pergunta revela sobre quem somos, sobre como julgamos, sobre como ouvimos e sobre como nos colocamos no lugar do outro.

Esse é o verdadeiro papel da literatura: nos fazer pensar sobre a vida. E quando a escola proporciona esse tipo de reflexão, ela forma muito mais do que bons leitores, forma cidadãos atentos, sensíveis e preparados para conviver com empatia, crítica e responsabilidade.

O estímulo à leitura não precisa ficar restrito à sala de aula. Quando os pais valorizam os livros, conversam sobre as histórias e se interessam pelas leituras dos filhos, eles ajudam a construir uma base sólida de interesse e reflexão.

Perguntar o que o filho achou do livro, o que ele interpretou de determinado personagem ou situação, e até mesmo assistir a filmes ou séries baseadas em obras literárias são formas de criar conexões afetivas com a leitura. Isso torna o ato de ler mais prazeroso e significativo.

Um ambiente escolar que valoriza a escuta, a criatividade e o protagonismo dos alunos favorece não apenas o aprendizado, mas também o desenvolvimento pessoal. Quando o aluno sente que sua opinião importa, que suas perguntas têm espaço e que seus sentimentos são considerados, ele aprende com mais profundidade.

O julgamento de Capitu foi um exemplo de como o Colégio Frei Gaspar cultiva um ambiente que respeita a diversidade de pensamentos, que incentiva a troca de ideias e que acredita no poder transformador da educação humanizada.